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terça-feira, 19 de junho de 2012

Palavras...

   Sumi do blog é verdade, mas tenho uma boa teoria para o que aconteceu ou vêm acontecendo.

   As vezes as palavras não são suficientes para traduzir o que vai no nosso intimo. Como colocar em texto aquela confusão interna que nem nós mesmos conseguimos entender? Como colocar em palavras aqueles pensamentos que nem você mesmo admite que tem?

   Todos nós, algum dia em nossas vidas, tivemos aquele pensamento inconfessável, não só para outrem como para nós mesmos. Como admitir que, momentaneamente, se odiou aquele que se deveria amar, que gostaria de fugir quando o certo é ficar, que não se quer voltar para de onde jamais se saiu?

   Essas e outras verdades inconfessáveis andaram atormentando minha vida nos últimos tempos e hoje, após esse tempo de reclusão para organizar os pensamentos e também a vida, resolvi compartilhar minhas dúvidas e contradições.

   A mais recente questão a atrair e povoar meus pensamentos foi essa bossa do politicamente correto. Sempre tive minhas reservas quanto a chamar aquela senhorinha, que mora na casa ao lado, de representante da terceira idade, que dirá agora que não é mais terceira idade é melhor idade!

    Posso saber o que tem de melhor numa idade em que: seus amigos só sabem falar de doenças ou de exames, ( parece uma competição pra ver quem passou mais a carteirinha do plano de saúde no mês), a musculatura fica flácida, a bunda e os peitos caem, surge a disfunção erétil, o cabelo fica branco, a pele parece que precisa ser passada a ferro e , segundo Eduardo Dussek, o dia em que você levanta da cama e nada dói é porque você morreu.

   Não é só no campo social que o politicamente correto chegou, também em outras áreas do conhecimento como a Medicina e a Psicologia ele está presente. Na minha época de faculdade, falava-se em neuroses fóbicas ou fobias, hoje são transtornos afetivos.

   A psicose maniaco-depressiva virou transtorno bipolar. Na verdade, nada no sofrimento da pessoa mudou. A ciência farmacológica sim, avançou e hoje é capaz de dar um alívio maior a quem padece desses males. Males esses que cada vez mais se mostram relacionados ao estresse do mundo moderno e suas urgências.

   O que vem ocorrendo é uma espécie de seleção natural Darwiniana, as doenças psicológicas ou sofrimentos da alma, como eu prefiro chamar, somente identificam aqueles indivíduos que não estão conseguindo se adaptar a esse novo ambiente, a essa sociedade cada vez mais canibalizante e de valores cada vez mais descartáveis.

   Hoje vivemos na cultura do substituível, o celular mais moderno amanhã está obsoleto e o descartamos rapidamente, pois temos que acompanhar o processo. Quem não acompanha corre o risco de ficar tão ultrapassado e descartável quanto os equipamentos dos quais estão se livrando.

   Nos relacionamentos não é diferente, casamentos cada vez mais curtos, famílias cada vez menores. O namoro saiu de linha, hoje se fica e se troca de ficante a cada novo modelo que surge, é o ficante 3G, 4G, nG. As amizades pessoais também, cada vez mais raras, vêm gradativamente sendo substituídas pelas virtuais. Através de nossos facebooks e twitters nós nos informamos de cada passo e pensamento do amigo, porém, não se pode substituir, pelo menos não no momento, o abraço, o sorriso e aquele olhar de compreensão e cumplicidade que só o verdadeiro amigo sabe dar.

   Dentro em breve estaremos vivendo como no filme do ator Arnold Schwarzenegger - O Vingador do Futuro - recorrendo a implantes de memoria para podermos viajar sem sair do conforto do nosso lar. Confesso que agora fiquei preocupada será que daqui alguns anos estaremos vivendo na Matrix? Vixe! Xô paranóia! Será que ainda se chama paranóia ou será que agora é transtorno persecutivo ou algo do gênero?

   Só sei que o mundo virtual nos dá uma ilusão de proximidade, de conhecimento, que no fundo só nos torna mais isolados e especialistas do superficial. Por um lado encurtou distâncias (hoje falo com um amigo em tempo real que está no Canadá), por outro as aumentou (tenho uma amiga que mora a 15 km aqui de casa que não vejo pessoalmente a 3 anos). Conhecemos de tudo um pouco, mas nada profundamente. Nem a nós mesmos...