Sempre fui de opinião que não
devemos tentar curar as nossas frustrações através de nossos
filhos. Aquilo que eu vivi, vivi, o que não vivi fica pra próxima.
Não sou daquelas que acham que o
meu filho TEM QUE ter tudo aquilo que eu não tive. Acho que devo
fazer o meu melhor, dar todo o meu amor, toda a minha atenção, o meu
esforço em proporcionar todas as condições para que seja um adulto
equilibrado e tenha um futuro promissor.
Quem me garante que entulhando a
criança de bens materiais, de coisas que ela nem precisa e as vezes
nem quer, só para satisfazer a minha frustração, ela vá ser mais
feliz? Muitas vezes nem vai valorizar aquilo, porque aquilo que vem
fácil nós não damos valor mesmo.
Quantas vezes já ouvimos essas
histórias de pais que dizem: “nossa quando eu era criança era
louca por tal brinquedo e nunca consegui ter, meu filho tem e nem
liga”. A inteligência rara não percebe que ela queria, o filho
provavelmente não, são pessoas diferentes com demandas diferentes.
Tenho orgulho de proporcionar a
minha Babi aquilo que ela deseja. Na medida do meu possível, ela
está tendo oportunidades que eu nunca tive mas não por imposição
minha, dentro do que ela gosta, do que ela deseja. Talvez por isso eu
me admire pela forma como ela sorve, aproveita, cada minuto, porque
aquilo é da ordem do desejo dela.
Adora música e tudo aquilo que se
relaciona com ela, quis aula de violão, paguei até onde pude, agora
ela se vira lá com as cifras. Pediu guitarra, nos apertamos um
pouquinho e demos aquela que estava dentro das nossas posses, mas que
ela amou mesmo não sendo a mais cara, porque ela se esforçou pra
conseguir não foi de mão beijada, teve que mostrar que merecia. Eu? Eu queria ser bailarina.
É fã de carteirinha daquela banda
cover de Beatles, está com as notas boas, cumpriu suas tarefas? Se
sim não vou deixar ir por quê? Não vou levar por quê? Pelo bel
prazer de frustrar? Isso é amor?
Isso ensina o que? Se não posso não
levo, seja porque não tenho dinheiro ou porque o lugar não é
apropriado para a idade dela. Não vou ensinar que pode tudo, quando
pode, pode, quando não pode paciência, haverá outra ocasião.
Tem gente que acha que eu sou ruim
por agir assim, pra essas pessoas só digo que a minha filha vai ser
um adulto que sabe dar valor ao dinheiro, ao trabalho como meio de
conquistar os seus objetivos e vai saber lidar com as frustrações
que muitas vezes a vida impõe. Se ensinar isso tudo a ela faz de mim
uma mãe má, então aceito o rótulo com muita honra. Quanto aos
filhos dessas pessoas, o tempo dirá.