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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Eu e o mundo da Lua




Sou do signo de Peixes e a despeito de tudo de bom e de ruim que falam do meu signo, acreditando ou não em horóscopo, só tem uma coisa que não posso negar, gosto de viver na ilusão.

Dizem que os piscianos vivem no mundo da lua  e que, perdidos em seus devaneios, são incapazes de viver com os pés na terra.

Comigo não funciona bem assim, eu me acho uma pessoa extremamente responsável, tanto que ascendi profissionalmente justamente pelo meu comprometimento e qualidade técnica do meu trabalho.

Contudo, quando passo muito tempo lidando com a realidade, com as obrigações do dia a dia, com a dureza do cotidiano vou me sentindo soterrada, presa, sufocada.

Utilizando-me de um personagem de Harry Potter, me sinto atacada por "dementadores" que aos poucos vão sugando a minha alegria.

É nesse momento que preciso voar, me desligar da realidade e embarcar em alguma viagem de fantasia, aventura, romance, seja através de um filme, de um livro ou através da minha atual preferência, de séries.

Minha mente, meu eu, precisa sonhar, precisa percorrer esses mundos de fantasia e deixar para trás toda a realidade do cotidiano.

Por algumas horas quero ser a Emma ou a Regina de Once Upon a Time e me admirar com a engenhosidade de Ruplestiltskin.

Quero ser James Cole, o viajante do tempo de 12 monkeys, ou ainda, Catherine Chandler de Beauty and the beast.

De outro modo, quero chorar de emoção com os irmãos Winchester e a sua noção de família acima de tudo. Quero correr como The Flash, torcer pelo casal Olicity de Arrow, ver como aquele Bruce Wayne chato de doer de Gotham vai virar o Batman.

Recentemente, duas séries acabaram mexeram muito comigo, por motivos completamente diferentes.

A primeira foi Person of Interest , (pode deixar que não vou dar spoillers), esta me emocionou pelo sentimento de perda de algo querido que eu vinha acompanhando há 5 anos.

John Reese já era meu parceiro e eu o admirava muito, assim como a retidão de caráter de Harold Finch, a loucura de Root e Shaw e porque não dizer as reclamações de Fusco.

Foi como dizer adeus a um amigo querido ao mesmo tempo em que pensava que o assunto da série não estava muito longe da realidade, conspirações e intrigas políticas em todos os escalões em teias que se espalham até a onde a vista não alcança estão nos jornais todos os dias.

A outra chama-se Penny Dreadful, essa foi especial, a princípio porque precisou passar pelo meu crivo dos três episódios para que ela me prendesse.

Confesso que nos dois primeiros não consegui entender muito bem a que ela tinha vindo, me parecia apenas mais uma série de terror, cuja proposta era misturar todos os personagens mais famosos desta mitologia com um romance como amálgama.

Me enganei, aos olhos de um incauto que vê séries de forma superficial e as analisa apenas pelo enredo principal ela é isso sim, mas para os meus olhos de psicóloga ela foi muito mais que isso.

Percebi muitos subtextos no roteiro, muitas formas de se abordar temas atuais tendo a Inglaterra vitoriana como pano de fundo.

Temas como a valorização do trabalho em detrimento da família, traição, trauma, loucura, exploração dos mais fracos, preconceitos de todos os tipos, contra a mulher, deficientes, doentes, praticantes de outras religiões.

O mais fascinante para mim foram as locações e a fidedignidade com que se mostrou a Londres no início da revolução industrial, a miséria de uns contrastando com a riqueza de outros, a sujeira, as doenças.

Pude ver retratado aquilo que só havia conhecido dos livros, quanto aos ditos "tratamentos" dados aos loucos, que mais se tratava de tortura praticada por médicos sádicos que se diziam cientistas.

Tudo isso envolto em uma esfera de misticismos, magia e monstros tais como vampiros e lobisomens.

Essa me tomou de súbito, pois como estava disponível no Netflix e tinha poucos episódios por temporada, assisti em poucos dias, fazendo uma espécie de imersão, o que me fez senti-la mais profundamente.

A terceira temporada não estava disponível no Netflix, busquei então assisti-la on-line,  qual não foi o meu choque (não só meu como de todos os fãs da série) que ao ver o último episódio da temporada dei de cara com um The End.

Como assim? Ninguém falara nada que esta seria a última temporada!

Fomos pegos de surpresa com um final inesperado, porém belo, profundo e intenso como foi toda a série.

Definitivamente Penny Dreadful me tocou, foi coerente, pois só poderia ter acabado daquela forma, mas é uma daquela séries que se você buscar por fidedignidade aos contos originais, vai odiar.

E que venham outras para eu continuar as minhas viagens de Gulliver.