Às vezes me
surpreendo com a minha capacidade de não transparecer meus sentimentos ou com a
incapacidade das pessoas de verem os sentimentos alheios.
Hoje estou me
sentindo em pedaços, rasgada, sangrando, meu peito dói e está apertado, como se
alguém estivesse com o meu coração entre as mãos e o estivesse comprimindo.
Falta-me o ar e a
minha garganta se fecha em um nó como se tivesse engolido um limão inteiro, não
desce e ainda por cima é azedo.
Contudo estou aqui,
com todos a minha volta, uns muito próximos, outros nem tanto, alheios ao meu
sorriso amarelo e aos meus olhos vermelhos.
Confesso que
percebi uns olhares de soslaio, porém logo baixaram ao cruzarem com os meus, se
perceberam, não sei, se sim, fingiram bem, pois tudo permanece igual.
Aos meus leitores, não se sintam compelidos a
me perguntar o que foi, pois, o motivo prefiro guardar pra mim.
Às vezes, falar sobre as causas de certas
dores é como torcer um punhal que já está cravado em você há algum tempo, só
faz doer e voltar a sangrar.
Prefiro falar só da
dor em si, desta sim se consegue algum alívio com o expurgo público.