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sexta-feira, 22 de março de 2013


O Curioso Caso de Brizillda Button


 


   Tal como no filme ao qual estou parafraseando, (O Curioso Caso de Benjamin Button), acho que nasci com uma espécie de síndrome, em que estou vivendo a vida de trás para frente.

   A diferença, no meu caso, é que ao invés dos sintomas serem físicos, são psicológicos, tem relação com a maturidade emocional.

   Explico, quando eu era adolescente era mal humorada, ranzinza, tinha horror que puxassem assunto comigo em fila de banco, em ônibus. Detestava andar em bando fazendo galinhagem, achava o ó!

   Era cheia de manias, não gostava de usar roupa curta, nem decote como se tivesse que ter semancol.

   Conforme o tempo foi passando o gosto por turmas barulhentas apareceu, assim como passei a usar e abusar dos decotes, ombros e costas de fora. Fiz uma tatuagem quando já era mãe de família e outra com mais de 38 anos.

   Hoje, adoro puxar uma conversinha em qualquer fila ou condução lotada e os amigos e amigas da minha filha me adoram, pois eu converso, brinco e falo gírias como qualquer uma delas.

   Saco das bandas, escuto o som delas, sei qual é o guitarrista ou cantor mais “Divo”. Tenho twitter, facebook, vejo séries pra adolescentes como Teenwoof, tenho assunto com eles. Já participei até de campeonato de videogame!

   É claro que eu não me imponho, espero ser convidada, ou que eles me integrem na conversa, o que a minha Babi se encarrega de fazer, porque sabe que eu vou vir sempre com uma opinião baseada na realidade deles e não na minha.

   Tenho, contudo, o cuidado de fazê-los ver que, os pais tem que ser respeitados e que suas opiniões e decisões são sempre pensando no bem dos filhos, que o que ocorre muitas vezes é o que não ocorre comigo, eles não sabem falar a linguagem dos adolescentes.

   Os outros pais envelhecem normalmente e, como qualquer pessoa normal, esqueceram de como foi ser adolescente, as crises, as dúvidas, a dicotomia de ser criança para algumas coisas e não ser mais para outras.

   Acabam por exigir desse ser em formação a coerência e a lógica do adulto, mantendo as proibições e limitações da criança. É ou não é pra colocar qualquer um doido? Isso é esquizofrênico! Não há nada mais esquizo do que não se ganhar mais presente de dia das crianças e ouvir: “você já está muito velho pra isso”, mas quando se quer namorar aí a resposta é: “Não! Você é muito criança pra isso!”

   Procuro, portanto, nunca perder de vista a minha adolescência para poder compreender a dela e com isso, quem sabe, quando ela virar adulta, evito regredir ao ponto de virar um bebê, tal como o filme, pois ao viver a adolescência dela junto poderei viver a idade adulta também, sendo amiga, parceira.

   Vejam bem, não estou aqui fazendo o que muitas mães fazem que é viver a própria adolescência junto com a filha. Aí, nesse caso, é adolescência tardia, deslocada, fora de contexto. A mulher que passa por isso entra em competição com a própria filha, impõe a sua presença, força uma cumplicidade que na realidade inexiste.

   O que existe na realidade é o medo, por parte da filha, de magoar a mãe ao dizer que quer privacidade, que precisa vivenciar as suas próprias experiências sem o testemunho materno.
A mãe que faz isso compromete o amadurecimento emocional da filha, que vai sentir que está sempre a sombra da outra.

   Não podemos nunca nos esquecer que, por maiores que nossos filhos estejam, seremos para eles sempre uma figura de autoridade, quer eles queiram ou não, e não podemos nos utilizar dessa prerrogativa para invadir espaços e ultrapassar limites.

   Será que é por isso que algumas pessoas viram crianças quando envelhecem, por não conseguirem parar esse processo de regressão de maturidade? Ou será que é a falta de consciência do processo que faz isso?

   Bem de qualquer forma, espero ter a clareza para reverter o meu processo e envelhecer digna. Velha e ranzinza nunca mais, quero envelhecer com a alegria de quem sabe que viveu tudo o que tinha pra viver nos seus devidos momentos.


  

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