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terça-feira, 24 de novembro de 2015



Exercitando o se olhar e o se ver...





   Já faz algum tempo que eu faço terapia, não me lembro se já comentei isso aqui ante, mas é sempre bom relembrar.

   Foram 4 anos de psicoterapia individual e desde agosto passei a fazer parte de um grupo terapêutico.

    A despeito do meu preconceito inicial com terapia de grupo, resolvi sair da minha zona de conforto e me atirar nesse universo desconhecido.

   Confesso que no início achei tudo muito leve, ficar fazendo aqueles exercícios, parecia coisa de faculdade e achei que ia permanecer dessa forma, fiquei me lembrando daqueles trabalhinhos de escola que envolviam colagens, desenhos e tal e coisa.

   Acontece que a terapia de grupo envolve outras habilidades, é um exercício de se olhar e de ser olhado, é se expor, é tentar não julgar, é ter empatia.

   A dor alheia muitas vezes te apanha, te colhe, te traga, pois você descobre que muitas delas também são as suas.

   O que mais tem me surpreendido é a diferença entre o meu olhar sobre mim mesma e o olhar dos outros, será que eu tenho uma ideia equivocada de mim mesma?

   Será que estou presa a referenciais que já não mais existem? Será que ainda me vejo uma pessoa que não sou mais?

   As pessoas me veem alegre, expansiva, animada, simpática...

   Não que eu seja antipática, eu só não vejo motivos para não tratar bem as pessoas, afinal elas nada me fizeram e não têm culpa se eu porventura estiver num mau dia.

   Todos custam a acreditar que eu me veja como uma pessoa tensa, nervosa, preocupada, que me incomode quando alguém diz que eu falo muito ou que eu sei tudo.

   A verdade é que eu desde criança sempre me senti e sempre me vi como uma pessoa muito triste, tinha meus fantasmas, mas eles eram só meus, eu não gostava e nem queria que ninguém os visse, sempre tive horror a ser motivo de pena. Ninguém gosta de um coitadinho, as pessoas até se solidarizam no inicio, mas depois acabam se afastando.

   Foi então que eu descobri o humor, descobri que poderia facilmente encobrir esses sentimentos com piadinhas e brincadeiras, assim me tornei simpática, pois quem não gosta de uma pessoa bem humorada? Vesti a máscara do palhaço, aquele que chora enquanto está fazendo o público rir.


   Faz tanto tempo que vivo essa vida, que hoje tenho a impressão que a mascara colou no meu rosto e nem eu sei mais se isso continua sendo uma defesa ou se já faz parte de quem eu sou.

   Continuo sem conseguir ver essa pessoa alegre que todos veem, no meu intimo ainda me sinto triste, uma tristeza sem forma, sem porque, ela simplesmente é.

   Confesso que houve uma época da minha vida que achei que já tinha resolvido essa questão, estava começando a me ver como uma pessoa feliz e alegre.

   Até que um dia, assistindo a uma palestra o orador perguntou quem ali era feliz, e eu respondi prontamente: " Eu sou feliz!"

   Uau! Parece que o universo achou que aquela afirmação tinha sido uma arrogância da minha parte, porque alguns meses depois todo o meu castelo de cartas ruiu, tudo aquilo em que eu havia me apoiado para afirmar tal coisa, mostrou-se bem diferente do que eu acreditava, foi um baque.

   Não sei se é trauma, se é rancor, se é melancolia, honestamente não sei, mas algo se quebrou dentro de mim. Senti como se eu estivesse pagando pela ousadia de ter dito aquilo, deixei de me sentir merecedora de uma felicidade plena.

   Hoje essa sombra me persegue, é um fantasma que me assombra, por melhor que a minha vida possa parecer, por mais que eu consiga realizar meus sonhos e desejos, não mais consigo sorrir sem uma ponta de tristeza. Não mais consigo fruir de uma felicidade, pois tenho receio do que virá depois.

Citando uma série que gosto muito - toda magia tem um preço! 

Tomar consciência disso talvez faça parte do meu processo de autoconhecimento e quem sabe no futuro isso possa ser desconstruído. Só sei que por enquanto o show deve continuar!

Deixo para reflexão uma música que traduz esse meu sentimento. 

"Quando eu fui ferido, ví tudo mudar 
das verdades que eu sabia 
só sobraram restos, e eu não esqueci 
toda aquela paz que eu tinha 
Eu que tinha tudo, hoje estou mudo 
estou mudado 
À meia-noite, à meia-luz pensando 
Daria tudo por um modo de esquecer 
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto, 
à meia-noite, à meia-luz sonhando, 
Daria tudo por meu mundo e nada mais. 

Não estou bem certo 
se ainda vou sorrir 
sem um travo de amargura 
Como ser mais livre, 
como ser capaz 
de enxergar um novo dia."

Meu mundo e nada mais - Guilherme Arantes


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