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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Meia-noite em Paris e meu primo Virgílio

  


   Gente, antes que alguém pense que eu tive uma tórrida noite de amor com um primo chamado Virgílio em Paris, já adianto, para decepção dos que assim pensaram, que Meia-noite em Paris é o mais recente filme do Woody Allen em cartaz, ao qual fui assistir dia desses.

    Nesse caso fica a dúvida, aonde entra o meu primo nessa estória, vou chegar lá. O caso é que após assistir a película em questão dei asas aos meus pensamentos, lembrei que nos idos dos meus vinte anos, Woody Allen ( que já era O CARA) era considerado cult e visto por intelectuais e pseudointelectuais por todo o mundo, pelo menos o ocidental.

   Note-se que, a época a que me refiro ele desfilava em seu curriculum, Tudo o que você gostaria saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar; A rosa purpura do Cairo; Noivo neurótico, noiva nervosa; Hannah e suas irmãs e etc.

    Muito bem, retornando, eu, que nunca fui nem pseudo, nem muito menos intelectual (apesar de me achar uma pessoa, sem falsa modéstia e tão pouco pedantismo, de uma significativa inteligência), naquela época achava que Woody Allen era coisa pra pessoas de mais idade. Não vai aqui nenhum preconceito cronológico, mas as pessoas que eu via assistindo eram todas muito mais velhas do que eu, logo fiz uma mera associação.

    Qual não foi, então, a minha surpresa nesse momento ao encontrar no meu baú de memórias essa lembrança, pois agora não so me encontrava assistindo um filme dele, como não era o primeiro, pois há algum tempo também já assistira a Vicky, Cristina, Barcelona e Tudo Pode dar Certo, ou seja, o meu sentimento de outrora estava certo Woody Allen realmente era para pessoas mais velhas, como é agora o meu caso.

    O meu primo Virgílio é mais novo do que eu, mas se enquadra na categoria dos pseudointelectuais, digo pseudo, pois, não que ele não seja inteligente, porque é e bastante, porém tem a arrogância e a presunção que só os pseudointelectuais tem.

   Explico, o verdadeiro intelectual sabe que o é, portanto  limita-se a discutir assuntos profundos dentro do seu meio, pois admite que o cidadão médio não alcançará as sua divagações e, como deseja uma real troca de experiências e de pontos de vista, busca no seu grupo pessoas que possam manter nesse nível a conversa.

    Já o nosso pseudo não, ele gosta de falar difícil e de desfilar um sem fim de teorias para plateias leigas, que, em sua mente, ficarão embevecidas com a sua erudição, porém se, em meio a esse grupo encontrar um interluctor a altura, logo se percebe que o seu discurso nada mais é do que uma mera reprodução dos comentários feitos por críticos de arte ou dos textos constantes das orelhas dos livros de filosofia.

   Woody Allen me reportou a esse meu parente, pois foi o cerne da questão que me ajudou a perceber, há alguns anos atrás, essa tão peculiar característica (o pseudointelectualismo), presente na personalidade do primo já em tenra idade.

    O caso foi o seguinte, aos vinte e poucos anos, Virgílio arranjara uma namorada e parecia que estava bastante envolvido. Certa feita nos encontramos e qual não foi a minha surpresa ao saber que o namoro chegara ao fim, ao questioná-lo pelo motivo de tão súbito rompimento eis que o gajo me responde: " Ela não sabia quem era Woody Allen".

    Hoje estou eu aqui sentada em frente ao meu PC, lembrando do namoro infeliz do meu primo e do filme que acabei de assistir e de como me decepcionei com ele.

 Achei tão água com açúcar esse Meia-noite em Paris que, se o Virgílio vier a assisti-lo, creio que ficará com um gosto amargo na boca, lembrando da namorada perdida.

 Será que valeu a pena Virgílio, será?

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